Curioso: até hoje, ninguém conseguiu encontrar um único baú cheio de joias e dobrões de ouro, embora muita gente tenha procurado.
Muita gente já procurou, mas ninguém até hoje conseguiu encontrar um tesouro enterrado por piratas. O motivo é simples: eles jamais tiveram o costume de enterrar o produto de suas pilhagens. Isso não passa de lenda, que acabou virando senso comum com uma providencial mãozinha do cinema de aventura e da literatura de ficção.
Entre os séculos 16 e 18, reis europeus contratavam piratas para saquear embarcações e cidades costeiras de nações adversárias. Daquilo que era roubado, a maior parcela ia parar nos cofres do monarca contratante. O resto era dividido de forma relativamente democrática: uma parte mais polpuda ficava com o capitão do navio pirata; a outra, menor, era rateada entre seus subordinados. O butim, muitas vezes, incluía joias, especiarias, roupas, remédios, armas e, é claro, dinheiro. Mas acabava pulverizado depois de tantas partilhas. Como os piratas adoravam torrar pequenas fortunas com mulheres e bebidas, é pouco provável que reunissem economias num baú para enterrá-lo em alguma ilha deserta.
A origem desse mito está ligada ao corsário escocês William Kidd (1645-1701), que gostava de alimentar boatos sobre tesouros escondidos por ele nas ilhas onde ancorava. Não demorou para que essas histórias fantasiosas virassem romances de sucesso, como A Ilha do Tesouro, lançado pelo também escocês Robert Louis Stevenson em 1881. E esse não foi o único estereótipo que escritores como Stevenson trataram de reforçar. Também não existem evidências de que, na vida real, os piratas fossem todos cruéis e sanguinários. Ou que obrigassem prisioneiros a caminhar sobre uma prancha até que caíssem no mar e fossem comidos por tubarões.
por Texto Tiago Cordeiro
Fonte: Revista Superinteressante
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