Já acelerei alguns dos carros mais rápidos deste planeta, alguns além dos 300 km/h. Também fiquei sem freio em uma rara Mercedes 1954 "asa de gaivota", avaliada em R$ 2 milhões. Mas confesso que nunca senti tanto frio na barriga a bordo de um veículo como dias atrás, quando tive a oportunidade de testar, nos EUA, um carro autônomo.
Foi minha primeira experiência a bordo de um protótipo capaz de transitar sozinho por ruas e estradas, sem qualquer interferência humana. Assistir o volante mudar de cor e girar automaticamente nas curvas e ouvir o computador de bordo anunciar pelos alto-falantes que fará o carro parar no cruzamento, pois detectou um outro automóvel vindo em sentido perpendicular, é uma experiência assustadora.
Independentemente do assento em que você esteja acomodado, a única certeza é a de que todos ali são meros passageiros torcendo para que toda aquela parafernália eletrônica continue funcionando até a chegada ao destino digitado no GPS.
No circuito montado para simular situações cotidianas, o Nissan Autonomous se saiu bem. Seguiu milimetricamente entre as faixas pintadas no asfalto, fez ultrapassagens (dando seta), respeitou os sinais de trânsito e até realizou -com perícia- uma manobra de emergência em alta velocidade, desviando de um manequim que "atravessou" repentinamente à frente do veículo.
"O carro autônomo é 100 vezes mais hábil que um motorista comum, pois ele possui sensores e câmeras que monitoram o trânsito em um raio de 360º, calculando a melhor opção de manobra em fração de segundo", explica Tsuyoshi Yamaguchi, chefe de tecnologia da Nissan.
A PARTIR DE 2020
Apesar de os carros autônomos estarem em fase embrionária, algumas cidades dos EUA autorizaram a circulação desses automóveis em suas vias, mas apenas em caráter experimental. A exigência é que haja alguém habilitado pronto para assumir o volante em caso de pane no sistema do "piloto automático".
Há dois anos, na Califórnia, um modelo da Google equipado com tecnologia semelhante bateu na traseira de outro automóvel. Mas o acidente sem vítima ocorreu enquanto o motorista guiava o protótipo em modo "manual".
A estimativa de redução do número de acidentes fatais e a melhora do fluxo do trânsito são pontos que motivam várias montadoras a investir no desenvolvimento de carros autônomos.
"Se todos os veículos fossem inteligentes, uma central saberia o destino deles e os distribuiria pelas vias, para minimizar congestionamentos. Em cruzamentos sem pedestres, seria possível eliminar o semáforo, já que os carros cruzariam coordenadamente, sem precisar parar", diz Pietro Erber, presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).
A Nissan anunciou que irá oferecer, a partir de 2020, o sistema Autonomous Drive como um acessório em sua linha, mesma promessa da GM.
Fonte: Folha de S.Paulo
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