sexta-feira, 30 de maio de 2014

A ciência finalmente descobriu o que faz as baterias perderem capacidade com o tempo.


Você provavelmente já notou que, depois de alguns meses de uso, a bateria do seu laptop ou do smartphone parece durar menos. Não é defeito: baterias de íons de lítio podem mesmo perder capacidade à medida que vão sendo utilizadas. Só nunca ficou claro o porquê. Até agora: cientistas do Departamento de Energia dos Estados Unidos finalmente conseguiram resolver este enigma.

Relatada em dois estudos publicados recentemente na Nature Communications, a descoberta aponta para a existência de nanocristais como “culpados” pela perda progressiva e lenta, mas cumulativa da capacidade das baterias de íons de lítio, o tipo mais utilizado pela indústria atualmente.
Quando você usa o celular, o notebook ou qualquer outro dispositivo, a energia proveniente da sua bateria vai sendo consumida, isto é óbvio. Neste processo, os íons de lítio conseguem transportar sua carga elétrica entre os eletrodos da bateria por meio de uma substância condutora conhecida como eletrólito.
O que já se sabia é que, à medida que esta movimentação acontece, as estruturas dos eletrodos sofrem uma espécie de erosão. Em outras palavras: quanto mais a bateria trabalha, mais os eletrodos se degradam, fazendo com que a capacidade total do dispositivo diminua progressivamente.
A ciência nunca conseguiu deter este efeito por não entender exatamente como esta “corrosão” ocorre. Após extensa observação, o que os pesquisadores norte-americanos descobriram é que, quando se movem, os íons de lítio reagem com o óxido de níquel que faz parte da composição da bateria, produzindo nanocristais de sal.
Encare estes minúsculos cristais como uma “praga”: de certa forma, este material causa alterações nas estruturas internas da bateria e, ao mesmo tempo, faz com que os íons se movam de maneira menos eficiente.
Com o culpado encontrado, tudo o que os cientistas precisam fazer agora é combater este cristal, certo? Sim, mas esta é uma missão tão complicada que já está sendo alvo de outros estudos.
As imperfeições que causam acúmulo de cristais
As imperfeições que causam acúmulo de cristais
O que acontece é que, por mais sofisticada que seja a construção das baterias, os materiais que as compõem sempre possuem imperfeições que, apesar de extremamente pequenas, são suficientes para permitir que cada um destes pontos se tornem depósitos de cristais. Se não fossem por estas irregularidades, o acúmulo do sal seria bem menos efetivo, quiçá inexistente.
Como as imperfeições ocorrem em nível molecular, há pouco ou nada que possa ser feito para evitar a sua formação. Por conta disso, o caminho mais natural tende a ser o de combater o acúmulo de nanocristais.
Para tanto, uma das apostas dos cientistas está em revestir os eletrodos da bateria com algum tipo de material capaz de preencher os espaços oriundos das imperfeições e, assim, amenizar o acúmulo de cristais.
Já há uma equipe trabalhando nisso, inclusive, mas o desafio é dos grandes: além de permitir o funcionamento normal da bateria, os cientistas precisam avaliar os níveis de viabilidade e eficiência da técnica, o que exigirá bastante tempo.
Seja lá como for, ter um caminho para trilhar já é um grande avanço, afinal, não faz muito sentido contar com baterias com cada vez mais capacidade, mas que parecem se desgastar quase que na mesma proporção.

Com informações: ExtremeTech, Brookhaven Lab

Fonte: Emerson Alecrim

Economia brasileira vai ganhar bem menos com a Copa do que o governo prometeu, apontam estudos.


A possibilidade da economia brasileira – que não vai bem das pernas, diga-se – ganhar uma grande injeção de ânimo (e dinheiro) a médio e longo prazo com a Copa do Mundo, que começa em duas semanas no País, parece cada vez mais irreal. É o que apontam dois estudos de instituições da área financeira do exterior, ambos direcionando suas análises para o governo federal brasileiro.
Se em 2010 um estudo encomendado pelo Ministério do Esporte e realizado pelo Consórcio Copa 2014 apontava para ganhos de R$ 183,2 bilhões por um prazo de cinco anos, dos quais R$ 47,5 bilhões seriam diretos, e outros R$ 135,7 bilhões indiretos, o quadro atual parece bem menos promissor. Até mesmo de outro levantamento, divulgado com alegria pela União em 2012, que apontava para um saldo positivo de R$ 142 bilhões.
De acordo com o relatório divulgado há duas semanas pelo banco alemão Berenberg e pelo Instituto de Economia Mundial (HWWI), de Hamburgo, os efeitos práticos e consistentes na economia brasileira no que diz respeito a ganhos sequer devem ser considerados. O documento aponta a Fifa como única beneficiária substancial da Copa, mas não estima os montantes exatos que o País e a entidade máxima do futebol podem esperar.
“Os efeitos econômicos positivos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos são para os países-sede, na maioria das vezes, insignificantes. Mas, tais megaeventos podem servir de impulso para a modernização dos países”, disse o economista do Banco Berenberg, Jörn Quitzau. O economista Henning Vopel, do HWWI, completa. “As análises de custo-benefício realizadas antes de um evento como esse geralmente exageram quanto aos efeitos positivos”.
As instituições alemãs acreditam que o Brasil ainda falhou em atender aos seus próprios problemas, notadamente os de infraestrutura, perdendo a oportunidade de deixar um legado consistente para a população. Além de ganhos meramente secundários, o Brasil ainda poderia ter direcionado os cerca de R$ 30 bilhões investidos até aqui no Mundial para áreas como saúde e educação, conclui o estudo. Ainda assim, a Copa das Confederações representou um impacto econômico de R$ 20,7 bilhões, há um ano.
Para a Copa, a estimativa exagerada do governo federal já havia sido detectada no fim de março pela agência de classificação de risco Moody’s. Segundo ela, os elementos positivos da vinda de mais de 3,6 milhões de turistas para o Mundial poderiam sofrer um revés diante do número de dias trabalhados na indústria e no varejo do País, anulando assim o reflexo otimista na economia nacional. Ainda de acordo com a agência, o Brasil deve obter um crescimento de meros 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), por um prazo de dez anos, contados de 2010 a 2019.
Diante das perspectivas pouco impactantes na economia com a Copa, a própria presidente Dilma Rousseff tem enfatizado nos últimos meses os ganhos para a população brasileira, negando que, por exemplo, as obras em aeroportos sejam voltadas para o evento da Fifa, mas sim para o povo. Se a chefe máxima do governo brasileiro evita projeções, a Fifa trabalha com uma estimativa de lucro recorde de R$ 10 bilhões com a Copa.
Publicado: 
Thiago de Araújo