sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Entenda a crise na Rússia e possíveis efeitos no Brasil

Rublo despenca e gera temores de nova crise financeira como a de 1998.
Temor de contágio financeiro afeta países emergentes como o Brasil.





A forte desvalorização do rublo tem provocado turbulência nos mercados internacionais, sobretudo em países emergentes como o Brasil, e gerado temores de uma nova crise financeira como a de 1998, quando a Rússia declarou moratória de sua dívida, afetando a economia mundial.

A moeda russa vem sendo pressionada, principalmente, pela acentuada queda nos preços do petróleo – principal fonte de recursos de Moscou – e pelas sanções ocidentais impostas ao país por conta da atuação do governo de Vladimir Putin na Ucrânia.

A desconfiança é tamanha que nem mesmo um aumento de 6,5 pontos percentuais na taxa de juros, de 10,5% para 17% ao ano, foi capaz de evitar que a moeda atingisse mínimas recordes. Na terça-feira (16), o rublo perdeu 11% frente ao dólar, a queda diária mais aguda desde a crise financeira da Rússia em 1998. No ano, a moeda já acumula desvalorização de mais de 50%.

“O rublo vale o que vale o poder de Putin no mercado”, resumiu o jornal independente russo Novaya Gazeta.

Para tentar evitar o colapso do rublo, o Banco Central russo tem anunciado medidas como a venda diária de bilhões de dólares em divisas estrangeiras, mas obteve pouco sucesso até o momento.

Dependência do petróleo
O país, que já é afetado pela inflação, caminha agora para uma recessão, à medida que as altas taxas de juros devem prejudicar o crescimento. A Rússia pode ver sua economia recuar em até 5% em 2015 se os preços do petróleo não passarem dos US$ 60, segundo alertou o próprio banco central russo.

Petróleo e gás representam cerca de dois terços das exportações russas, de cerca de US$ 530 bilhões ao ano. Sem eles, o país teria um grande déficit comercial e de transações financeiras, e passaria a ter grande dificuldade de honrar seus compromissos e manter o atual patamar de importações.

Por enquanto, trata-se de uma crise cambial. Mas o temor de calote e o mau humor de investidores estrangeiros avessos a riscos já provoca fuga de capitais para títulos de dívidas soberanas considerados mais seguros.
E o Brasil?
É neste contexto de temor de contágio financeiro que a turbulência russa também afeta outros países emergentes como o Brasil. O real brasileiro e a lira turca, por exemplo, também têm se desvalorizado ante o dólar. Mas, por enquanto, uma situação de crise em cascata parece distante, uma vez que muitos deles acumularam reservas significativas, capazes de amortecer choques externos. As reservas do Brasil, por exemplo, estão em cerca de US$ 375 bilhões.

Segundo a agência de classificação de risco Fitch, no momento, os países mais vulneráveis seriam aqueles com forte dependência de exportação de petróleo como Venezuela, Nigéria e Bahrein.

Comércio Brasil-Rússia
No caso do Brasil, o principal reflexo até o momento tem sido o mau humor generalizado dos investidores em relação aos emergentes, sobretudo os exportadores de matéria-prima, que já vinham sofrendo com o cenário de crescimento menor da China e de estagnação na Europa.

Um agravamento da crise, entretanto, tende a afetar a capacidade russa de importar e, consequentemente, reduzir as exportações brasileiras para a Rússia.

No acumulado no ano até novembro, o comércio bilateral Brasil-Rússia soma US$ 6,3 bilhões. Embora as vendas para o país representem menos de 2% das exportações brasileiras, as compras russas saltaram 33% neste ano na comparação com 2013, impulsionadas pela maior abertura aos produtos agropecuários brasileiros, principalmente carne bovina e suína, após ter decidido proibir a importação de alimentos e produtos agrícolas da União Europeia e dos Estados Unidos em retaliação a resistência desses países em aceitar a anexação da Crimeia pelo Kremlin.

As vendas de carne bovina e suína para a Rússia no ano até novembro somaram quase R$ 2 bilhões, representando cerca de 55% das exportações brasileiras para o país (US$ 3,53 bilhões).

Do outro lado da balança, as importações brasileiras da Rússia cresceram cerca de 10% ano, somando até novembro US$ 2,7 bilhões. Os principais produtos comprados da Rússia são matérias-primas e insumos para a indústria como cloreto de potássio, diidrogenofosfato de amônio, alumínio, nitrato de amônio e diesel.
Fonte: G1

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Retrospectiva: os 10 maiores momentos da tecnologia em 2014

Bem, amigos do blog. Estamos chegando ao final de mais um ano. É hora de, como fizemos em 2012 e em 2013, relembrar os principais acontecimentos do mundo da tecnologia. Vamos a eles.
10. iOS 8 e iPhone grande
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O iOS 8 é um refinamento do iOS 7. Não é radical como o antecessor. Mas trouxe duas coisas que chamaram a atenção. A primeira é o sistema Apple Pay, que permite pagar coisas usando o iPhone - e já nasceu aceito em 200 mil estabelecimentos comerciais dos EUA. Graças à força de negociação da Apple, é a primeira vez que uma tecnologia do tipo tem chance de dar certo (o Google já tentou, e fracassou). A outra novidade é menos visível, mas até mais impactante: são as chamadas "extensões" do iOS 8. Elas permitem que os aplicativos troquem informações entre si. Isso torna mais fácil mandar um link por Whatsapp ou salvar um texto no Instapaper, por exemplo. Nessas situações, o iOS passou a funcionar do mesmo jeito que o Android. Impressão reforçada, aliás, pelo esperado lançamento do iPhone 6 - cuja tela maior finalmente equipara a Apple ao tamanho que virou padrão nos Android, 4,7 polegadas.

9. Apple Watch
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Ok, ele ainda nem foi lançado. E na primeira demonstração do relógio, em setembro, a Apple nem mostrou direito como ele funciona ou o que realmente pode fazer. Mas o que exibiu foi o suficiente para impressionar. O Apple Watch parece melhor e mais elegante que os smartwatches já no mercado, como os modelos da LG, Samsung, Sony e Motorola. Se de fato será, só saberemos em 2015. Nem a própria Apple parece totalmente segura do caminho a seguir. Tanto que, numa medida surpreendente, liberou a API (interface de programação) do relógio antes mesmo de lançá-lo, para que terceiros já se adiantem e desenvolvam apps para ele. Isso inverte totalmente a lógica do iPhone - que nasceu fechado, e só depois de muita insistência foi aberto para aplicativos de terceiros. Novos tempos.

8. A reação da Microsoft
Nas últimas três décadas, a Microsoft errou com certa frequência; algumas vezes, errou feio. Mas não pode ser acusada de teimosia. A história da empresa está cheia de episódios em que ela se deu conta do que tinha feito, corrigiu os próprios erros e deu a volta por cima. Em 2014, isso aconteceu duas vezes. Primeiro foi o reposicionamento do Xbox One. A Microsoft resolveu empurrar o sensor Kinect junto com o console - que, por isso, saiu custando mais caro do que o PlayStation 4 (nos EUA e no mercado cinza brasileiro). Essa diferença, e uma certa desvantagem de potência, fizeram o Xbox One ficar bem para trás do PS4 em vendas. Mas a Microsoft descartou o Kinect, abaixou o preço, investiu em jogos exclusivos e reagiu. Pelos últimos números, tem 10 milhões de consoles vendidos (contra 14 da Sony). Ainda está atrás, mas está diminuindo a diferença. A outra mudança foi no Windows, cuja nova versão finalmente traz de volta o tradicional Menu Iniciar. Ou seja, volta a funcionar como o Windows tradicional. Tá certíssimo.

7. A ultravigilância do Google
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Se você usa celular Android, o Google mantém um relatório com todos os lugares onde você esteve. Todos mesmo, em todos os minutos de todos os dias da sua vida. E você pode ver tudo com os seus próprios olhos. Essa constatação desagradável, a que chegamos em agosto, deu o que falar - o post foi o mais lido do ano neste blog, com mais de 740 mil acessos. Parece que o monitoramento constante que todos sofremos na internet, nas redes sociais e nos smartphones finalmente começou a incomodar.

6. Material Design
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A Apple é boa em design, mas é fraca em serviços online. O Google é bom em serviços online, mas é fraco em design. Essa sempre foi a relação de forças entre as duas empresas. Em 2014, ela mudou - porque o Google finalmente acertou a mão no design. Quatro anos depois de ser contratado, o chileno Matias Duarte (que era da Palm) finalmente conseguiu transformar a aparência dos produtos do Google, que hoje são reconhecidos pela beleza e pela consistência visual. Esse processo teve seu apogeu com a introdução da Material Design, a linguagem visual adotada em todos os produtos do Google - do Gmail ao Android. É muito bonita, e não deixa nada a dever para o iOS.

5. A volta da realidade virtual
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Lembro da primeira vez em que usei um aparelho de realidade virtual. Foi um capacete Virtuality, nos anos 90. Eu era criança, e achei incrível. A mídia não parava de falar em realidade virtual, em como ela iria ser a grande revolução tecnológica da humanidade, etc e tal (meio como hoje se refere às redes sociais, mas isso é outra história). O fato é que o tempo foi passando, e ninguém encontrou uma utilidade concreta para a RV. Ou melhor: utilidade, até que sim. Mas faltava o poder de processamento para gerar cenários virtuais convincentes - o pulo dos gráficos tosquinhos para o fotorrealismo se mostrou muito maior e mais difícil do que o imaginado. Mas agora, 20 anos depois, a realidade virtual parece estar renascendo. Em março o Facebook anunciou a compra, por US$ 2 bilhões, da Oculus Rift - que está desenvolvendo um sistema de RV bem legal. E a Sony revelou o Project Morpheus, um capacete de RV para o PlayStation 4 que pode ser lançado no ano que vem.

4. O caso Heartbleed
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Falhas de segurança aparecem todos os dias. Mas nunca existiu uma tão grande. Batizada de Heartbleed, a brecha afetou nada menos do que 66% de todos os sites da internet - se você tivesse conta em algum deles, a sua senha poderia ser roubada. Aos poucos, o problema foi sendo consertado. O interessante é que a National Security Agency, a superagência de espionagem americana, tinha conhecimento da falha e a explorava desde 2012 para acessar as contas das pessoas que desejava monitorar. Como ela provavelmente tem, hoje, acesso a outras brechas que não são de conhecimento público.

3. A morte da Nokia
A Nokia foi vendida para a Microsoft em 2013, mas teve alguma sobrevida - este ano, chegou até a lançar um celular Android (coisa que poderia ter salvo a empresa). Mas finalmente acabou. Em setembro, a Microsoft matou a marca Nokia, cujo nome deixou de ser usado nos celulares que ela vende nos EUA. No Brasil, isso ainda não aconteceu, mas parece questão de tempo. Em novembro, o que sobrou da Nokia até ensaiou uma volta, com o lançamento do tablet N1. Mas é um aparelho meio genérico, que mais parece uma cópia do iPad Mini - e é fabricado pela chinesa Foxconn. Não é um verdadeiro Nokia.

2. O Facebook nas eleições
Uau. Mesmo agora, dois meses após o pleito, ainda há uma névoa de ressaca - e gente de cabeça e orelhas quentes pelo que falou e ouviu no Facebook durante as eleições. As pessoas se engalfinharam com uma gana imprevisível. Foram semanas de quebra-pau explícito, em que cada lado defendia sua posição política com alguns argumentos, vários insultos e muito ardor. Pessoas bloquearam umas às outras, amizades (virtuais e reais) se desfizeram. Todo mundo acabou se envolvendo, ou sendo afetado, pelas brigas políticas de Facebook. Até quem não queria se meter nelas, mas viu a própria timeline tomada pelo fogo do Fla-Flu eleitoral - atiçado pelo farto compartilhamento de links com informações, tanto falsas quanto verdadeiras. Foi a primeira eleição a mexer de verdade com as redes sociais (e a ser, menos porém relevantemente, influenciada por elas). Vamos ver como serão as próximas.

1. "Ela"
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Sabe aquelas coisas que estão bem na sua frente, mas você só enxerga quando alguém as destaca? São como elefantes invisíveis. Em 2014, o filme "Ela" fez isso com o maior do nosso tempo: os efeitos colaterais da tecnologia. Como a vida hiperconectada está alterando as emoções e os relacionamentos humanos - e o que vai acontecer conosco daqui a alguns anos, com a evolução desse processo (spoiler: não coisa boa). Uma transformação que já estamos vivendo, que sentimos em todos os momentos do dia, e sobre a qual conversamos melhor neste texto aqui. Se você não leu, leia. Se não viu o filme, veja. Sempre há tempo para refletir e mudar as coisas.

Fonte: Bruno Garattoni

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Programa Cinema Perto de Você anuncia investimento de R$ 9,8 milhões


Brasília - O Banco Nacional do Desenvolvimento aprovou, na semana passada, o financiamento no valor de R$ 9,8 milhões para o Grupo Moviecom.
O investimento faz parte do Programa Cinema Perto de Você e beneficiará três complexos cinematográficos nas cidades de Ipatinga (MG), Araraquara (SP) e Taubaté (SP).
O projeto de Ipatinga, no Shopping Vale do Aço, prevê a instalação de quatro salas de exibição, com um total de 765 assentos.
Em Araraquara, o complexo a ser implantado no Shopping Jaraguá contará com cinco salas, totalizando 856 lugares.
Já o complexo do Shopping Taubaté, com cinco salas de exibição e capacidade total para 1164 espectadores, foi inaugurado em setembro deste ano.
Na operação, foram utilizados recursos do Fundo Setorial do Audiovisual - FSA e do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Cultura - BNDES Procult.
A iniciativa
O Programa Cinema Perto de Você, instituído pela Lei 12.599/2012, foi criado com o objetivo de ampliar o mercado interno de cinema e acelerar a implantação de salas em todo o Brasil. Ele é gerenciado pela Ancine em parceria com o BNDES, agente financeiro das linhas de crédito e financiamento.
O objetivo é fortalecer as empresas do setor, apoiando a expansão do parque exibidor e sua atualização tecnológica, e, assim, facilitar o acesso da população às obras audiovisuais por meio da abertura de salas em cidades de porte médio e bairros populares das grandes cidades.
Para mais informações, acesse o site do Programa Cinema Perto de Você.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Lâmpadas inteligentes são hackeadas para furto de senhas de Wi-Fi

O mais novo alvo de ataques hackers no mundo da tecnologia são as lâmpadas inteligentes. Cibercriminosos desenvolveram um método de ataque que consegue invadir as lâmpadas para roubar senhas de conexões Wi-Fi que estejam próximas aos dispositivos. As lâmpadas LIFX foram as visadas pelos hacks.
Lâmpadas inteligentes tem vulnerabilidade grave (Foto: Divulgação/LIFX)Lâmpadas inteligentes tem vulnerabilidade grave (Foto: Divulgação/LIFX)


Os dados são passados entre as lâmpadas por meio de uma rede 6LoWPAN, especificação wireless construída sobre o padrão IEEE 802.15.4. O sistema usa criptografia AES, mas a senha pré-compartilhada não muda, o que torna mais fácil para o hacker decifrar as credenciais.
De acordo com um post em seu blog no fim de semana, a empresa admitiu que precisou realizar uma atualização de firwmare por conta de problemas de segurança. Os pesquisadores descobriram uma vulnerabilidade que permitia que hackers que estivessem a cerca de 30 metros das lâmpadas conseguissem obter as senhas das redes Wi-Fi.
“Com conhecimento de algoritmos de criptografia, senhas, vetores de inicialização e protocolos de rede, é possível injetar programas para capturar detalhes Wi-Fi e decifrar as credenciais sem qualquer autenticação ou alerta”, explica a firma de segurança Context.
Agora, porém, a versão 1.3 do firmware cria maior criptografia às credenciais wireless, tem função de processamento seguro para adicionar uma lâmapada a uma rede social e deixa as lâmpadas muito mais seguras. Vale lembrar que a LIFX iniciou sua trajetória no Kickstarter, onde teve grande apoio popular para sair do papel.
Fonte: Thiago Barros, para o TechTudo.

Veja quem ganhou e quem perdeu com a Copa na economia

Mundial teve efeito entre nulo e negativo no PIB, dizem analistas.
Bares e hotéis faturaram até 25% mais; indústria foi maior prejudicada.


Ainda vai levar algum tempo para saber qual foi o impacto exato da Copa do Mundo para a economia brasileira. Vários indicadores apontam, no entanto, que o segundo trimestre do ano viu uma forte desaceleração da economia, com as previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano recuando para algo em torno de 1%.

Para consultorias e analistas consultados pelo G1, apesar das promessas do governo de que o evento geraria milhares de empregos e ajudaria a impulsionar o crescimento, o Mundial teve efeito praticante nulo ou insignificante para a economia.

“A Copa é um evento que aumenta muito o bem estar, mas tem impacto meio irrelevante na economia, sobretudo em países grandes como o Brasil. Se teve algum efeito, minha análise é que foi negativo. Foi como se tivéssemos tido um grande feriado prolongado. E se o país trabalhou menos, também produziu menos”, afirma o economista Celso Toledo, da  consultoria LCA.

Quem ganha e quem perde na economia com a copa (Foto: Editoria de Arte/G1)
Para Emerson Marçal, coordenador do centro de macroeconomia aplicada da FGV-SP, o efeito Copa ao término do ano deverá somar zero.
“O país parou por vários dias. A produção caiu, as vendas no varejo caíram, mas as pessoas também se planejaram para fazer antes ou depois o que fariam durante a Copa. Muitos setores adiantaram o início do semestre, outros vão ter agora um dezembro mais longo. Mas ao fim do ano o efeito deve somar zero", avalia o economista.
Na análise por setores, entretanto, houve quem faturou com a Copa, sobretudo os segmentos ligados ao turismo e lazer, como hotéis e bares. Por outro lado, a indústria manteve a trajetória de queda, por conta da grande quantidade de feriados e dias parados. (Veja ao lado o desempenho de diversos segmentos)
Produção da indústria cai
“A indústria foi quem mais sofreu, pois a coisa já estava vindo ruim. Ocorreram dispensas e a produtividade, de fato, diminuiu. Talvez a indústria de lenços de papel pode ter ido bem após aquele dia fatídico”, brinca Marçal ao se referir à derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1.

O desaquecimento econômico, associado à fraca demanda e aos feriados, levou fábricas de diferentes áreas a dar férias coletivas ou a mudar a jornada de trabalho em junho.

Embora ainda não tenham sido divulgados dados consolidados da indústria em junho, avalia-se que tenha ocorrido um novo tombo. Aconfiança dos empresários caiu pelo 6º mês seguido e atingiu o menor nível desde 2009.

As vendas de papelão ondulado – que costumam ser vistas como um importante termômetro do comportamento da economia, uma vez que o material é usado em praticamente toda a cadeia industrial – caíram 3,38% em junho.
Somente no setor automotivo, a queda na produção foi de 33,3% na comparação com junho do ano passado. Já as vendas de veículos caíram 17,27%. No acumulado até maio, a indústria brasileira acumula queda de 1,6% na produção e de 2,2% na geração de emprego, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

700 mil estrangeiros
Já os setores ligados ao turismo comemoram o faturamento e o número recorde de estrangeiros no país: 700 mil apenas em junho – número 132% acima do mesmo mês do ano passado. O dinheiro deixado pelos "gringos" no Brasil durante o período da Copa foi 169% maior que o volume de dólares gasto no mesmo período de 2013, segundo levantamento da empresa de cartões de crédito MasterCard.

Nos 21 aeroportos das 12 cidades-sede, a média diária de passageiros foi de 485 mil, número superior ao do carnaval e do último Natal.

A taxa de ocupação nos hotéis das cidades-sede cresceu 24% na comparação com o mesmo período de 2013, estima o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB).

No Rio, a média de ocupação ficou em 93,8%, chegando a 97.66% na final.
Em cidades como São Paulo, entretanto, o movimento caiu por causa da redução do turismo de negócios.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP), a ocupação ficou entre 58% e 62% durante a Copa, abaixo da média de 75% no ano passado. 

A entidade avalia, porém, que não ocorrem perdas, uma vez que houve uma transferência dos eventos corporativos e feiras para outras datas ao longo do ano para não concorrerem com o período do Mundial.

“São Paulo não perdeu nada. Pelo contrário, houve ganho porque a Copa trouxe uma demanda totalmente nova para a cidade. Tivemos queda em junho, mas em todos os outros meses do ano tivemos crescimento de mais de 10% e vamos crescer entre 4% e 7% no ano”, afirma o presidente da associação, Bruno Omori.

Fan Fest, na Praia de Copacabana, lotado durante a partida entre Alemanha e França (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)Copa fez Brasil receber recorde de 700 mil estrangeiros em junho (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)
Vendas nos bares crescem 25%
Nos bares, estima-se que as vendas tenham crescido 25%, em média, segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). 

Já nos restaurantes houve queda de 10% no faturamento, em razão do menor número de eventos corporativos no período de Copa. Outra explicação é o perfil do turista de Copa, que geralmente viaja sem a família e vai pouco a restaurantes.
A Abrasel calcula que o faturamento geral do setor chegou a R$ 11 bilhões em junho, uma alta de mais de 20% ante o ano anterior.
Os produtores de cerveja também saíram ganhando. Em junho, a produção nacional foi de 1,04 bilhões de litros, o que representou uma alta de 6,3% ante junho de 2013. No semestre, o setor acumulou crescimento de 11,6%.
Venda de TV dobrou no início de junho na comparação com 2013
Televisores são destaque no varejo
A venda de televisores disparou, puxada pela Copa e pelas promoções. Segundo sondagem da consultoria GFK, a alta foi superior a 100% no início de junho. No acumulado entre janeiro e maio, o crescimento foi de 41% ante o ano passado, segundo os dados da GFK.

Outro destaque no mês de Copa foi o setor de semiduráveis, que inclui vestuário, calçados e artigos esportivos. O IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) estima um crescimento de 9,3% das vendas em junho.

No comércio, em geral, entretanto, o termômetro é de desaceleração das vendas. O IDV calcula que as vendas cresceram menos em junho, 3,9%, ante alta de 5,4% em maio.
Somente no Rio de Janeiro, o Centro de Estudos do Clube dos Diretores Lojistas (CDLRio) estima que o comércio deixou de ganhar R$ 1,2 bilhão durante o período da Copa, apesar da grande circulação de turistas na cidade.

Setores não sentiram impacto
Na construção civil e no mercado de materiais de construção, a avaliação foi de estabilidade durante a Copa.

Caixa não regitrou mudança no volume de concessão de crédito imobiliário
Embora ainda não existam dados de junho do mercado imobiliário, a Caixa Econômica Federal informou que não foi observada alteração na concessão do crédito imobiliário em decorrência da Copa.
Já a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,4% junho, mas acumulou alta de 6,52% em 12 meses, acima da meta do governo, de 6,5%.
A balança comercial registrou em junho o melhor resultado do ano. No mês de junho, as exportações superaram as importações em US$ 2,36 bilhões, favorecidas pela alta das vendas de produtos básicos, que cresceram 9,5%. No ano, entretanto, o déficit está em US$ 2,49 bilhões.
No mercado financeiro, a Copa reduziu em cerca de 10% o volume financeiro total negociado em razão dos pregões mais curtos em dias de jogos do Brasil. O giro financeiro diário negociado na Bovespa, entretanto, ficou praticamente estável ante maio. O volume médio diário foi de R$ 6,33 bilhões em junho, apenas 0,5% inferior ao do mês anterior. No acumulado de junho, o Ibovespa avançou 3,76%.
Investimentos
O Ministério do Turismo estimou em R$ 30 bilhões a injeção de recursos na economia provocada pela Copa. O valor corresponde a cerca de 0,7% de tudo o que foi produzido no país em 2013.

Antes do início da organização do mundial, levantamento feito pela Ernst & Young (EY), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), estimou que a Copa injetaria R$ 142,3 bilhões na economia brasileira entre 2010 e 2014, sendo cerca de R$ 30 bilhões em investimentos em estádios e obras de mobilidade urbana, podendo gerar cerca de 3,6 milhões de empregos em todo seu ciclo.

Os números oficiais sobre criação de vagas no mercado de trabalho em junho só serão conhecidos no final do mês.
“A economia não ia parar ou voltar a andar por conta da Copa. Foi mais como dar uma festa. A gente curtiu a festa, mas gastou também"
Emerson Marçal, economista da FGV-SP
Ainda que o cálculo não tenha sido refeito ou revisto, a Ernst & Young avalia que os números estão próximos da realidade do que se assistiu.  “As projeções deveriam ser mensuradas agora ao término do evento, mas dado do sucesso da Copa acredito que os números estão bem próximos da realidade”, afirma Marcos Nicolas, diretor de Mercados Estratégicos da EY, destacando que o estudo levou em consideração um número de 600 mil turistas estrangeiros, abaixo dos 700 mil que vieram ao país.
Parece ser consenso, entretanto, que as obras de infraestrutura ficaram abaixo do esperado, praticamente se limitando aos estádios. Levantamento do G1 mostrou que apenas 50% das obras de mobilidade previstas para os jogos foram entregues.
“A grande decepção é que foi prometida uma agenda de obras não apenas ligadas ao evento e boa parte dela ficou pelo caminho”, avalia Emerson Marçal, da FGV.
Legado da Copa
Nicolas lembra, porém, que muitas das obras prometidas e que não foram entregues continuam sendo tocadas e resultarão em investimentos concretizados. “Legado não é só o dia seguinte. A Copa serviu de catalisador para acelerar obras necessárias e este aspecto – de não ter sido completado os investimentos – irá contribuir para que essa questão ganhe ainda mais urgência”, avalia o diretor da EY.

Para ele, o legado econômico da Copa precisa também contabilizar o sucesso do ponto de vista organizacional e o potencial de atração de mais turistas e investimentos no longo prazo.
“Estamos dando um salto enorme em termos de projeção do país e de capacidade de atender o turista, o que gera círculo virtuoso para a atração de novos negócios”, opina Nicolas.

O tão criticado 'padrão FIFA' trouxe uma grande contribuição ao país, ampliando o grau de exigência de qualidade para a organização de novos eventos importantes"
Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco
O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, afirma que, independente do legado material em termos de infraestrutura e de investimentos das empresas, é preciso destacar o "legado imaterial" da Copa.
"O fraco crescimento da economia brasileira em 2014 corre o risco de passar uma visão equivocada do legado e do impacto da Copa do Mundo no Brasil", diz. "O tão criticado 'padrão FIFA' trouxe uma grande contribuição ao país, ampliando o grau de exigência de qualidade para a organização de novos eventos importantes no Brasil. Acredito que daqui para frente a qualidade de serviços em geral, a mobilidade urbana, a forma de transmissão de eventos, a telefonia, a hotelaria, os esquemas receptivos, o turismo em geral, os aeroportos etc ganham bem melhores perspectivas e padrões superiores de qualidade", avalia.
Para Marçal, da FGV, independente das oportunidades perdidas e do baixo efeito do mundial no PIB, não é a Copa o principal fator para explicar o ritmo da economia no ano.
“A economia não ia parar ou voltar a andar por conta da Copa. Foi mais como dar uma festa. A gente curtiu a festa, mas gastou também", compara o economista. "Em se tratando da economia do país, a questão é retomar uma agenda de pró-crescimento, pois a inflação está num nível preocupante, o país continua com uma série de gargalos como reforma tributária, integração comercial e problemas de infraestrutura que não são atacados", conclui.

Fonte: Darlan Alvarenga, do G1, em São Paulo

domingo, 6 de julho de 2014

Indiferença da Fifa com arbitragem


A Copa do Mundo não sofre, nunca sofreu, com o estigma de ser uma competição violenta. Muito pelo contrário. Mesmo em épocas de disputa pesada em outros torneios na Europa, ou na América do Sul, ou nos dois continentes, o espírito de briga, de deslealdade, de pancadaria, nunca prevaleceu na maior competição do futebol.

Houve, claro, lances isolados, individuais, de desentendimento ou agressão, mas não foram casos que alteraram o clima de qualquer edição da Copa. Um craque da estatura de Zidane, por exemplo, já deu uma cabeçada (com jogo parado) no italiano Cannavaro, na final de 2006. É assim: um ou outro episódio de exceção que, por isso mesmo, fica até guardado na memória. Mas não é mesmo o tom da competição.

Longe disso, a Copa do Mundo guarda uma aura de qualidade, de importância internacional, de cerimônia e respeito que esfria em certa medida os ânimos mais exaltados.

Logo esta Copa realizada no Brasil está quebrando, infelizmente, um pouco dessa tradição. Não que tenha havido brigas e pancadarias, não houve mesmo, mas os jogos estão sendo disputados em ritmo mais duro, com muito mais faltas, agarrões, empurrões, puxadas de camisa — atitudes que, aliás, não são (ou não eram) muito vistas, ao menos na Europa.

E — pior de tudo — com a condescendência e a tolerância dos árbitros, que, na minha lembrança, nunca se mostraram tão burocráticos e indiferentes em relação àquilo que a própria Fifa chama de “fair play” ou “jogo limpo”. Por sinal — vejam bem como é essa senhora —, foi ela própria,Dona Fifa, que aconselhou os árbitros a se pouparem na aplicação de cartões.

Será por isso que o fraco juiz espanhol Carlos Velazco Carballlo não mostrou a menor reação diante da falta violenta, desleal (pelas costas), de Zúñiga, que tirou Neymar da Copa do Mundo?

Não foi, aliás, um jogo típico desta nem de outra Copa qualquer. Foram, ao todo, 54 faltas — nada menos do que 31 do Brasil, e 23 da Colômbia. O Brasil, portanto, com mais 12 faltas do que o adversário, voltando a jogar no estilo de Felipão e das entrevistas com grosserias de Felipão.

É curioso o comportamento do treinador, à beira do campo. Ele reclama de todas as faltas do rival e não reclama de nenhuma das 31 faltas do seu time. Curioso, não? No mesmo dia, jogaram Alemanha e França. Juntas, as duas seleções cometeram 34 faltas, mais três apenas do que o Brasil sozinho.

O juizinho espanhol tolerou não só a entrada por trás de Zúñiga ,que quebrou a vértebra do Neymar, mas também a quantidade de faltas de um lado e de outro. A Fifa vai continuar tolerando também, ou vai dar valor a algo que ela mesma tanto recomenda, que é o “fair play” ou o “jogo limpo”?

Afinal, Dona Fifa prega a veracidade ou a demagogia?





Fonte: Fernando Calazans - http://oglobo.globo.com/esportes/copa-2014/indiferenca-da-fifa-com-arbitragem-13151561